O sol forte ilumina o céu azul. O dia está radiante. Me sinto melhor e mais disposta. É pouco mais de oito da manhã. No caminho entre o meu quarto e a clínica, vejo uma moça sentada no jardim. A cena me parece bucólica, o verde exuberante do gramado e ela alí distraida lendo um livro, com o seu vestido longo xadrez de vinho e branco, uma renda gripir larga arremata e enfeita o decote em torno do pescoço. Os cabelos encaracolados na altura dos ombros exibem delicadas presilhas presas entre os cachos. Ao lado da cadeira, repousando sobre o gramado, uma farta sacola de tecido descansa como se fosse uma rechonchuda senhora debruçada sobre suas próprias curvas. Logo a baixo, na varanda, um grupo conversa descontraidamente enquanto saboreiam o seu café da manhã. Atravesso o jardim em direção à clínica. Na sala de espera, três corajosos "soldados" aguardam sua vez de irem até o paraíso através das experientes mãos das massagistas. Entro em outra sala, agora somos cinco "soldados", novamente frente ao nosso "comandante". Ele nos explica como será o procedimento, ou a "estratégia de guerra". Enquanto isso, olho para a mesa em minha frente e vejo que lá estão eles... os copinhos americanos, sinto que mais uma vez eles vão nos desafiar. Desta vez, as doses são sensatas, dois goles dão fim a este desafio. Em seguida, dois comprimidos e um copo d'agua. Vamos para os quartos esperar por uma torrencial limpeza intestinal (Virechana). Fiquei a tarde toda em "meu quarto de princesa, sentada no trono". Rs!
No final da tarde, desço e vou até o "refeitório" para tomar um chá com meus "companheiros de guerra". Pequenos grupos se dividem entre a varanda e o interior. Me sento no sofá e logo sou servida. Na sala, junto comigo, haviam três mulheres e uma delas me chama a atenção. Ela era a "bela dama do jardim", sua imagem me lembra as doces e românticas mulheres do século 18, com seus cabelos cacheados e aparência delicada. Ao me perguntar se estava me sentindo bem, noto sua voz doce e ao mesmo tempo segura, seu sotaque puxando o S me diz logo que ela é carioca. Em pouco minutos já estávamos trocando experiências, todas falamos sobre como estávamos nos sentindo bem, comentamos sobre os procedimentos e qual foi o que mais agradou a cada uma, falamos sobre relacionamentos e outras coisas... Outras pessoas se juntaram a nós e o assunto se estendeu. Contei um pouco sobre a minha viagem à Índia e sobre o meu trabalho e sobre o blog. Foi uma tarde realmente agradável! Subi para um banho e depois voltei para degustar uma saborosa sopa de legumes. Pouco tempo mais tarde, participamos de um ritual chamado Cerimônia do Fogo. Quando termina, sentimo-nos leves. Lá fora, a noite nos envolve como uma onda silenciosa. Somos seguidos até os nossos quartos, pelas "lanternas voadoras", também conhecidos por vagalumes.
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