10/12/2012

O gosto doce e salgado da vida - Parte 1

Poderia estar aqui postando sobre o Natal ou sobre as últimas festas que decorei. Mas quero falar um pouco sobre minha experiência em um hospital. Até então, só havia me internado para ter minhas duas filhas. o que posso garantir que é muito diferente. No dia 26 de Novembro, numa segunda-feira, chego ao hospital às seis e meia da amanhã. Meu marido me acompanha. Não sinto nada, nem medo, nem ansiedade... simplesmente procuro não pensar no assunto. Será que isso é estranho?! Estamos em uma sala aguardado que meu nome seja anunciado. Não demora muito. Lá estou eu, em um outro quarto sendo preparada por uma atendente simpática que logo me coloca aquele "velho modelito" que todos nós conhecemos. Branco com pequenas estampas azuis, uma fenda nas costas que vai desde o pescoço até a cocha. Tudo fica a mostra e o pior, não tem como evitar. Me deito na maca tentando ajeitar as laterais do "modelito"que de tão ousado deixa de ser sexy. Ela chama por um nome estranho e logo aparece um cara alto e forte que "dirige" a maca até a entrada do centro cirúrgico. A porta se abre rápido e sou puxada para dentro por uma pessoa que diz: - Sou eu, Dr. Paulo... ele puxa a máscara e por trás dela há um sorriso que poderia tranquilizar qualquer pessoa ou melhor; qualquer criança. Por que será que nesta hora todos nos tratam como se tivéssemos cinco anos de idade?
Não importa! De qualquer forma, confio nele e gosto daquele sorriso. Ele me leva para uma outra sala e me transporta para uma outra cama. Então se afasta levando nas mãos todos os meu exames. Acompanho com os olhos e o vejo lá no canto examinando os papéis. Logo meu braço é puxado e preso ao lado da cama. Minha atenção se volta para a jovem enfermeira que começa os procedimentos necessários para a cirurgia. Olho para ela e vejo uma forte camada de sombra azul cintilante sobre os seus olhos, as bochechas carregadas com blush e os lábios tem o tom de rosa pink. Olho de novo para me certificar e tenho vontade de perguntar: - Onde é o batizado? É melhor não... logo vou estar inconsciente. Olho para meu marido que está ao meu lado e dou um sorrizinho querendo dizer: o que essa mulher está fazendo aqui com essa maquiagem toda?
Mas ele não entende e sorri para mim.
Uma moça loura se aproxima e diz que é a anestesista. Fique tranquila, tudo vai dar certo - diz ela. Foram as últimas palavras que ouvi...
Logo acordo em meus sonhos... Sinto-me como se estivesse flutuando - assim como os astronautas - Percebo que não estou sozinha. Do meu lado esquerdo vejo meu avô e minha avó. Com uma aparência mais jovem eles estavam um ao lado do outro, imóveis. Me olhavam fixamente. Do outro lado, mais aos pés da cama, vejo o meu sogro sentado em uma poltrona. Penso: onde está meu pai? O que meu sogro faz aqui? Ele também me olha fixamente. Continuo flutuando...
 Até agora não sei se isso foi auto sugestão, sonho, efeito da anestesia, maluquice ou alguma experiência espiritual. Se foi uma experiência espiritual, penso, eles estavam ali para me proteger ou esperando para me levar junto? Sei lá! Também não sei dizer se foi bom ou ruim... só estranho. Alguem chama pelo meu nome. Escuto mais meus olhos não querem abrir. O tempo passou e eu estou na UTI, mas eu mesma não tinha noção disto. De novo, ouço o meu nome. Abro os olhos e vejo o meu marido. Ele me pergunta se estou bem e eu digo que sim. Só quero dormir...

4 comentários:

Carol disse...

Fico muito aflita lendo isso. O que aconteceu? Por que da cirurgia?
Espero que esteja cada dia melhor.
Depois quero te fazer uma visita, se me permitir, claro.
Beijos

Milena disse...

A vida é um patchwork de experiências,não é mesmo?
Nem sempre agradáveis,mas o resultado,o que resta depois é o que importa.
No caso da cirurgia,agradeço por estar aqui podendo comentar o seu relato.
Um grande beijo!

Natália Llorens disse...

Melhoras pra vc , Edilene! Estou mandando energias positivas =***

Margarete Aguiar disse...

Pode parecer estranho quando se conta algo tão pessoal e do outro lado, fica um silêncio, mas é que não há mesmo muito a dizer sobre algo tão inexplicável. No entanto, há a feliz constatação de que, se você está contando, não foi ruim não. Fique bem!!!Beijo fraterno.