15/02/2011

Agra

Bem cedo, um motorista com cabelos vermelhos, já nos aguardava na porta do hotel. Acomodamos as bagagens, agora em menor quantidade. Como vamos voltar à Delhi, deixamos a maoria delas aqui.
Durante as cinco horas de viagem, o motorista o qual apelidamos de Red, mal se pronunciou, notamos que ele tinha um certa dificuldade de falar inglês. Quando falava, sua voz grossa e o inglês ruim, nos forçava a fazê-lo repetir por várias vezes a mesma frase. Resumindo... a comunicação entre nós era uma "dificuldade", eu usaria até outra palavra para definir isso, mas acho melhor não... deixa quieto!
Chegamos ao hotel. Vê-lo por fora já nos deixou assustados. Em uma rua movimentada, com vários comércios, paramos diante de um prédio de 3 andares, velho e sujo. Em baixo, várias lojas cheias de pessoas. Uma "plataforma" com um elevador pequeno nos levou ao segundo andar onde ficava o hotel. A recepção era conjugada com uma sala de espera grande. Uma divisória de vidro transparente separava o "restaurante" do restante. Vários adolecentes indianos se aglomeravam nas salas. Alguns deles "jogados" nos sofás imundos, outros jantavam sentados à mesa. Com combuquinhas cheias de uma espécie de arroz caldiado, comiam com as mãos. Caldos escorriam-lhes pelos braços ao mesmo tempo que conversavam em voz alta. O piso parecia nunca ter sido limpo, papéis e panos sujos jogados pelo chão. Pedaços de cortinas rasgadas e empoeiradas estavam presas a varões quebrados. Quadros igualmente empoeirados estavam tortos nas paredes ( tenho agonia de quadros tortos ).
Em cima da mesa que servia de aparador no "restaurante", uma única panela grande tipo caldeirão, guardava o arroz papado. E um senhor tão sujo quanto o chão, servia as pessoas.
Já aterrorizados, fomos levados para ver os quartos e eu digo para vocês que o choque foi maior ainda.
Roupas de cama imundas, escarros... o banheiro... sem palavras...
Ligamos para nosso agente de viagens - Aliás uma sugestão, nunca faça nem um negócio com um agente de viagens indiano. Para eles, o lugar que acabei de descrever aqui é normal. Não sei por que mas parece que eles não se importam com sujeira.
Brigamos, brigamos e brigamos com ele pelo telefone. Então ele nos mandou para outro hotel, para nós seria tipo um três estrela do Brasil. Mas era bemmm melhor!
Nos acomodamos. Eu, a Nalini e o Neto saímos à pé para caminhar e ver umas lojinhas. Ananda e o Marcus ficaram descansando após o estress.
Nossa caminhada foi muito engraçada. Desde que saímos do hotel, rikishós e tuc-tucs ficavam a nossa volta perguntando se queríamos seus serviços. Na verdade, nós queríamos caminhar em paz e fazer nossas descobertas. Não adiantava dizer não, são insistentes. Continuamos a caminhada, desvia daqui, desvia dali...De repente quando vimos, formou-se uma fila de rikishós, tuc-tucs e crianças nos seguindo pelas ruas escuras de Agra. Inacreditável!
Entramos em uma loja que tinha um pouco de tudo, jóias, estátuas, instrumentos musicais... aqui aprendi a barganhar. Saí do hotel estressada com aquela confusão não levei bolsa, dinheiro, nada. Resultado, tudo que eu perguntava o preço por gostar ou por curiosidade, o vendedor fazia o possível para me vender. Mas eu dizia: "Não tenho dinheiro"... acho que ele não acreditava... e assim ia abaixando cada vez mais o valor da mercadoria. E eu continuava a dizer: "não tenho dinheiro!" Ele então me entregava uma calculadora e falava: "Dê o seu preço!"
Percebi que nessa região,  barganhar é a palavra!
Nesta loja, conseguimos um bom preço em um brinco com pedras-da-lua e rubis para minha filha e também em um anel que o Neto estava comprando, tudo ficou pela metade.
Quando saímos da loja outra surpresa, lá estavam nos esperando durante todo esse tempo, os rikishós e tuc-tucs. Mas continuamos caminhando até chegar e entrar em um café. O lugar tinha alguns turistas e o espaço era bem legal. Então ligamos para Ananda e o Marcus e eles se juntaram a nós. Conversas, um bom café e assim a noite se tornou muito agradável.
Era domingo no outro dia. Fomos com o Red e um guia visitar o Taj Mahal. O lugar estava lotado, para variar. Mas logo o guia tratou de nos fazer entrar. Estávamos em um pátio rodeado de jardins, a nossa frente um grandioso portal de entrada. Construido com uma pedra avermelhada, própria da região do Rajastão, nele assim como no Taj Mahal, havia dizeres do alcorão e trabalhos lindíssimos com pedras preciosas. Quando se chega neste portão, logo se tem a visão deslumbrante do Taj Mahal. Vou descrever como foi para mim ver esse monumento. Todos nós já vimos fotos e reportagens sobre ele. Mas vê-lo pessoalmente é como você assistir sua banda preferida ou a um concerto "ao vivo e a cores". Pura emoção!
Uma visão paradisíaca, um lugar lindo e lúdico, cercado de histórias interessantes. Por um lado, mostra o poder do amor, um sentimento tão forte a ponto de fazer um homem construir uma das sete maravilhas do mundo. Por outro lado, mostra como a gana pelo poder, faz com que um homem mate seus irmãos e aprisione seu  próprio pai pelo resto da vida.
Sei que esta história é rica em detalhes, mas tenho que conta-la de forma resumida.

Fila para entrar


O portal





Detalhe da escada

Um lixo, coisa rara

A primeira visão do Taj Mahal



Estrelas são vistas em toda a extensão do piso externo e até nos jardins

O Taj Mahal é todo construido com mármore branco


Detalhes


Algumas cenas das ruas de Agra


2 comentários:

Anna Lídia disse...

titia linda ,amei nossa mais bem cheio em , paciencia ne ^^
lugares bonitos
bjinhos
amo vc .
annalidia_lasmar@hotmail.com
bjokas

Renata disse...

As impressões sobre o Taj Mahal são
bacanérrimas,mas sua descrição dos lugares comuns,do comportamento das pessoas,da cultura é ainda melhor!!Essa história dos tuc-tucs é SENSACIONAL!!Em relação às fotos,adoro ver a big picture e depois,seu cuidado com os detalhes(bordas,tetos,"cobogós...rsrs).
Valeu!