A história da reforma da minha cozinha transformou-se em uma novela. Faltando uma semana para finalizar, os pedreiros simplesmente sumiram. Foi complicado conseguir outro profissional, todos que eu conhecia estavam trabalhando em outra obra. Bom, finalmente o meu eletricista me indicou um conhecido dele, mas me disse que ele estava trabalhando na construção de uma casa e que só poderia vir nos finais de semana. Ok! foi a minha resposta. Num sábado, às sete da manhã, toca o interfone. Confesso que me senti aliviada quando ouvi:
"É o pedreiro!"
"Deus é pai", pensei, me lembrando da minha mãe que usa sempre esta expressão.
Eram dois senhores aparentemente sérios. Imediatamente começaram a trabalhar. Quando mostrei o piso, um deles me perguntou:
"Mas por que a senhora escolheu este piso?"
"Porque eu gosto!"
Um olhou para o outro sem dizer uma palavra.
Então perguntei:
"O senhor sabe como colocar"?
"Sim senhora."
Calados, continuaram trabalhando...
Ouvir o interfone tocando às sete da manhã nos finais de semana, para mim era como se fosse uma deliciosa melodia. Atendia e escutava a "música": "Bom dia, é o Carmozil." Esse era o nome do meu pedreiro que sempre chegava acompanhado pelo seu ajudante. Passei a admirá-los cada vez mais e eu adorava recebê-los por dois motivos: pela competência e por querer ver minha cozinha pronta.
Do meu quarto, eu ficava ouvindo a conversa dos dois, as vezes ria sozinha.
Quando terminaram de colocar o piso, me disseram:
"Seria bom a senhora colocar um plástico bolha por cima, para evitar manchas antes da impermeabilização."
"Está bem, eu vou trazer o plástico do ateliê hoje mesmo, respondi."
"Ateliê? A senhora trabalha com o que?"
"Com arte! Quadros, móveis, pinturas..."
Então os dois se olharam e riram. O Carmozil falou:
"Ah! Então está explicado a escolha do piso! Olha só Valdivino, ela é uma artista! Hahaha!"
Também compartilhei dos risos, mas o motivo era vê-los se divertindo. Enfim eles terminaram no domingo passado. Hoje comentei a "piada" com o pintor que eu já conheço há uns 10 anos. E para minha surpresa ele disse: "É, esse piso é mesmo bonito, mas uma pessoa normal não o escolheria!"
Você não me acha normal? Perguntei com um sorrizinho. Totalmente desconsertado, ele respondeu: "Artista não é normal!"
C' est la vie!
7 comentários:
E qual piso você escolheu? Meu sonho era ter um cozinha com ladrilho hidráulico, mas pra evitar o quebra quebra, pq me estressei com pedreiros em outra reforma, optei por um laminado vinílico imitando madeira de demolição. Não era o meu sonho, mas confesso que foi um sossego...
Mas eles deram conta de assentar direitinho o ladrilho hidráulico?
Estou louca para ver o resultado final de sua cozinha tanto vazia como montada.
Beijos
Minha nossa agora vc me deixou mega curiosa...mostra ele logo vai...não se deve fazer isso com uma pessoa ansiosa assim como eu kkkkkk...o piso aqui de casa é um desastre escolhido por mim diga-se de passagem...não vejo a hora de mudar também, mas precisa ser da casa inteira aff sem chance$$ por enquanto rsr beijo
Por isso gosto tanto de você.
Sem normalidades,cheia de lindas ideias,de coisas fora do lugar comum!
Já te falei que minha mãe é meio fora do normal também,então tenho essa referência bem forte em mim!!!
E quando pessoas normais riem das minhas ideias,aí por dentro fico muito feliz!
Agora,vai mostrar não é?
bjs e feliz em saber que essa novela mexicana acabou
texto mais gostoso que já li...
ainda mais feliz por saber que é real... não é invenção. além de artista é escritora...
Besos
Vivi.
Qual o endereço do ateliê?!
Obrigada
Nunca comentei aqui no blog mas essa história ótima me fez vir aqui para pedir logo para ver esse danado desse piso!!! beijo!
Ha ha ha... Gostei da estoria! Imagino que muitos devem pensar assim de mim tambem! Mas fiquei curiosa para ver esse piso. Quando vai mostrar p/ a gente?
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